quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Punk Tosko

Como surge uma banda que muda o mundo?
Normalmente três amigos se reúnem, mostram suas qualidades, quando as tem. Mas as vezes a falta de qualidade é muito útil para o surgimento da arma revolucionária chamada banda. Um, nesse caso, uma, diz eu canto, o outro fala que toca um pouco de guitarra e o terceiro em questão diz ser um baterista, nesse momento a vocalista lembra que tem uma amiga que toca contrabaixo. Formada a banda, basta agora decidir o repertório.
Uma banda com certas limitações técnicas sempre escolhe punk rock, é fácil e não requer muito prática só agilidade ao invés de habilidade.
Pronto, agora para que a banda fique completa ela precisa de um primeiro conflito para ser o estopim que vai transformar esse jovens sonhadores (retirei isso de um comercial da globo), num conjunto musical de sucesso.
Vamos ao conflito.
A jovem vocalista encontra numa feira, numa barraca de pastel o futuro baterista e apresenta este para seus patrícios gaúchos, dizendo a seguinte frase:
– Esse é o baterista da minha nova banda!
Nesse momento o antigo baterista olha para sua antiga vocalista, olha para o novo baterista enquanto segura um especial de carne e diz um evasivo...
– Legal!!
Quando termina sua frase o antigo baterista, sente uma terrível cólera se apoderando de seu corpo e sente um gosto amargo na boca (isso eu peguei de uma letra do Humberto Gessinger), com o olhar baixo retoma as mordidas e bebe o caldo de cana mais amargo de sua vida.
Está formado o conflito.
A nova banda marca um ensaio numa terça feira.
Todos lá, menos a baixista que está no trabalho.
Em casa o marido traído, digo, o baterista traido lê no twitter da vocalista que vamos agora chamar de Katiane um frase enigmática.
"Hoje é o primeiro ensaio da banda que mudará o cenário do rock mundial."
A cólera está de volta, na frente de seu computador o descartado baterista pega seu celular e começa a mandar mensagens absurdas para a sua algoz, Katiane.
Intitulando-se o novo Sid Barret o baterista traído manda as seguintes mensagens de seu telefone.
"The lunatic is on the grass."
"Tu Katiane é o David Gilmor, e a Camis é o Roger Waters, já eu, não passo de um Sid Barret que gravarei um disco excelente sozinho, produzido por ti e morrerei louco e sozinho."
Segue o conflito...
Nos ensaios seguintes o batertista traído se calou, mas um dia num restaurante mexicano a algoz, ardida como pimenta, fala a uma amiga na mesa que tem uma banda, relembra o quanto essa tal amiga canta bem e pergunta:
–Tu não quer cantar na banda?
O ex-baterista cala e cai...
Sua mulher, Lucia, olha na cara de Katiane e Camila e questiona:
– Vocês querem matar o guri de desgosto?
Segue o ponto alto do conflito.
Katiane responde:
– Mas eu convidei ele pra ser guitarrista...
– Não me convidou nada!! Tu disse que tinha a Camis no baixo, um batera e um guitarrista, eu só quero tocar não quero o lugar de ninguém.
– Para de viadagem Toscano e vamos tocar...Vai lá amanhã.
E lá se vai Tosca, com medo e uma guitarra horrível nas costas, além de algumas cervejas e claro, com o cú na mão (peço desculpas pela expressão, mas é a que descreve melhor a cena).
Eles tocam, ele arranha...
Agora o medo é outro, o de ser aceito, pois o nosso jovem e chorão herói não sabe se foi bem quisto pelos novos companheiros.
Ele está feliz, radiante...
Mas e eles?
 No fim do ensaio, alguém diz até a próxima.
Todos concordam...
E Katiane pergunta se o novato está aprovado.
A resposta é positiva!
Mas nem tanto...
Alguém emenda...
– Ainda está em teste.
A banda segue descendo a Teodoro Sampaio, esperando o novo dia, por enquanto só leva o nome de punk tosko...
A Heleninha está nascendo, mas ainda não sabe disso.

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